Marques Rebelo - Uma novidade para nós

  Hoje o Poesiaceita publica um texto de um autor, antes desconhecido por nós: Marques Rebelo, jornalista, escritor e "eleito em 1964 à cadeira Nº 9 da Academia Brasileira de Letras, ocupando-a ativamente de 1965 à 1973"... Utilizava o pseudônimo literário Eddy Dias da Cruz. (Fonte: Wikipedia)

  Como de costume, sempre verificamos no Wikipedia os aniversariantes do dia, para saber, se assim, iremos homenagear alguém que ainda não homenageamos (e muitas vezes nem homenagearíamos, pelo fato de desconhecê-los). É o caso de hoje. Rebelo é de 1907.

  Além disso, segundo pesquisado, Rebelo teve um papel fundamental na revisão/tradução de autores como Franz Kafka, Dante Alighieri, Julio Verne, Dostoiévski, Edgar Allan Poe, entre outros. 

  Como nos interessamos muito também por novidades, achamos viável publicar para que o leitor também possa ter novos rumos de leitura, caso de hoje. Quem sabe não passamos a descobrir algum autor magnífico "brincando" de conhecê-lo?

  Logo, hoje Marques Rebelo é o escolhido do dia!  A seguir, trechos retirado do site: 

http://www.institutoolavodecarvalho.com/home/tags/tag/marques-rebelo.html

  "É impossível rememorar os acontecimentos em ordem cronológica. À solicitação de um nome, perfume ou rótulo, de um armário que estala em quarto de hotel, de uma chave que emperra, de céu chuvoso, reflexo de sol, porta entreaberta ou cheiro de bife, eles nos acodem com infinda versatilidade. Anotemos a corrente das lembranças e, quando menos esperamos, teremos formado, ponto a ponto, o manto que veste a nossa vida. Esquisito manto de retalhos! Quanta cor enganosa, quanto som desafinado, quanta forma adversa. E nos é vedado, quanta vez absurdo, compreender os fatos imediatamente – seríamos vítimas de fantasmagoria universal que nos cerca, e as nossas conveniências como deformam tudo! Como é possível compreender Madalena, Laura, Catarina, a tosca Aldina, a imagem do poeta que se crê claro e imortal, os beijos sem êxtase, o orgasmo fracassado, a esperança que teima em cruzar nossa vereda? "

Marques Rebelo -  O Trapicheiro

  O trecho citado acima é de O Trapicheiro, primeiro volume de sete previstos, mas três escritos, da série denominada O Espelho Partido. Ele é ilustrativo e também explicativo, julgamos nós, de alguns aspectos fundamentais da composição dos três volumes.

Para saber mais sobre este autor, visite o link abaixo:

http://luzesdacidade.blogspot.com.br/2005/10/marques-rebelo.html

E também,

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marques_Rebelo, que afirma sobre o autor:

  "Com o Modernismo a tentar mudar o cenário e a estética da arte brasileira, filiara-se brevemente entre os escritores que procuraram romper com as formas literárias tradicionais (representadas por Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida (a quem dedica biobibliografias), Raul Pompéia, entre outros), fazendo primeiras contribuições em poema nas revistas Verde, de Antropofagia, Leite Criôlo, entre outras, travando amizade com escritores consumados, dentre os quais Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Mário de Andrade e Ribeiro Couto."

Faça como nós. Conheça um novo autor, poeta, ARTISTA! 

REFERÊNCIAS DO DIA

05 de janeiro (ontem)

  Em 1984 (há 29 anos), ocorreu o Comício pelas Diretas Já, em São Paulo.

06 de janeiro

  Em 1868, em Paris, Allan Kardec publicou "A Gênese", livro espírita. Nesta mesma década, ele publicou também outros três livros: O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritsmo (1864), e O Céu e o Inferno (1865). Antes destas quatro obras, Allan Kardec publicou inicialmente O Livro dos Espíritos, onde ele relata os Princípios da Doutrina Espírita, o Espiritismo.

  Com todas essas obras e outras publicações, Allan Kardec se tornou referência no que tange o Espiritismo, doutrina que ganha adeptos a cada ano em nosso país.

Nascimentos de poetas no dia 06/01

1878: Carl Sandburg - poeta e jornalista estadunidense que escreveu a biografia de Abraham Lincoln. "Foi um homem sábio, com poesias profundas e marginalistas."

1883: Gibran Khalil Gibran - poeta libanês.

FONTE: Wikipedia

Meus Oito Anos - Casimiro de Abreu

No dia 4 de janeiro de 1839 nascia o poeta romancista da segunda geração Casimiro José Marques de Abreu. Em sua homenagem, posto hoje um dos seus mais conhecidos poemas: "Meus Oito Anos".

Uma ótima leitura para vocês!

MEUS OITO ANOS - CASIMIRO DE ABREU

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

Casimiro de Abreu

(Lisboa, 1857)

RECOMEÇO

  O Projeto Poesiaceita está de volta!! Neste ano de 2013, entraremos com toda a força para que junto com nossos leitores, possamos ter mais informações a respeito da nossa poesia nacional. Seja por meio de poemas, letras de músicas, história de poetas, eventos de poesia (principalmente dos saraus), sobre a data vigente e sua importância, textos pessoais, poesias de nossa autoria ou de outrem, o intuito e foco é prestar um serviço social, intelectual, a fim de fazer com que nossos visitantes possam aprender conosco um pouco mais do que envolve esta arte que somos apaixonados, e que tanto nos faz bem.

  O Projeto Poesiaceita é formado inicialmente por duas pessoas, um casal, que constantemente discute a respeito das mais variadas questões, que tanto levam a conquista, quanto ao fracasso do ser humano. Através de nossas observações e opiniões, buscaremos registrar neste blog somente aquilo que for útil para você leitor, e, esteja certo de que este site não tratará de questões fúteis, nem tampouco tem a intenção de fazer com que você pense o mesmo que nós - a questão envolvida é outra.

  Nosso foco é discutir questões pertinentes, atuais ou atemporais, a fim de que haja evolução intelectual de ambas as partes, logo, evolução social de todos aqueles que acessarem o nosso site. E você, sendo parte também deste, contribua com sugestões de pautas, e comente também em nossas postagens, para que este desabafo de nossa parte se torne também um início de discussão - amistosa, claro. 

  Em um país como o Brasil, onde grande parte da população já não tem como prioridade dar o máximo de si mesmo para valorizar a família, o trabalho, a educação, o meio ambiente, a arte, entre outras questões essenciais, em contrapartida, vemos mais usuários de drogas, mais acidentes envolvendo bebida alcoólica, por conseguinte, cada vez mais pessoas desinteressadas. Fora o fato das taxas de homicídios crescerem, atos terroristas, filhos matando pais, pais deixando filhos em lixeiras, entre outros atentados desumanos à vida de muitos seres, muitas vezes  inocentes.

  O Projeto Poesiaceita é para você que acredita que através da educação podemos fazer a diferença na vida de nossa sociedade, para você que entende o valor do que é arte, para você que quer crescer a cada dia, e que não desisti de lutar em nenhuma batalha que a vida traz. Seja através de suas opiniões, de suas posturas, de sua arte, etc, estamos novamente conectados, a fim de trazer um pouco mais de poesia para nossas vidas, luz para a escuridão, paz para a tristeza, amor e compaixão. 

  Esperamos poder ser úteis, e desde já desejamos a todos um FELIZ 2013, repleto de conquistas, paz, saúde, muita poesia, amor, carinho e dinheiro! 

Para este recomeço, escolhemos a poesia do aniversariante do dia MV Bill, O Crime Nunca Mais:

Ahn, 1999, o vôo da paz
É bom você se ligar, é o bonde da justiça vai passar
Ahn, háhá, agora o bicho vai pegar, pode crê
Ahn, ahn, ahn, ahn, é bom você se ligar
(Segura a onda então)

As favelas não podem se dividir em partilho
Somos a maioria o povo pobre corre perigo
É o sangue da favela que está no chão
Por isso uso a minha voz para pedir a união
Cansei de ver, o povo pobre apodrecer
O meu comando é a paz a força pra sobreviver
A nossa guerra é a arma poderosa do sistema
Exterminar o preto favelado é o esquema
E quando você se auto destruir novas cartas marcadas no aralho vão surgir
Ahn, enquanto você cheira eu faço a minha rima
Enquanto você fuma eu sigo a minha sina
O meu comando é a paz, proponho a paz para vocês
Somos mais um peão perdido nesse jogo de xadrez
Viciados, alcoviteiros, homicidas, somos mais uma vítima Desse jogo contra a vida

O comando é a paz, o crime nunca mais
(segura a onda então, seja um bom rapaz) (4x)

O sistema administra nossa evolução
Quem morde a isca facilita a manipulação
Meu comando agora é a paz e a paz é meu partido
Eu vejo dragão cuspindo fogo de dentro do presídio
Gerando a destruição carcerária
O mesmo rango a mesma grade o mesmo ódio estampado na cara
O amor traz a paz, a guerra desunião
As muralhas do muro do inferno o destino da civilização
Eu não nasci aqui não vou morrer assim
Cabeça sem nada oficina do diabo enfim
A luz q me conduz, seduz meu pensamento
O sonho de liberdade viver em paz no juramento
Sem polícia sem miséria sem malandragem
Cobrindo de paz todas as favelas da cidade
Quem sabe talvez o prêmio Nobel da paz
Cabeça erguida voltar pro crime nunca mais.

O comando é a paz, o crime nunca mais
(segura a onda então, seja um bom rapaz) (4x)

O governo prega a paz e financia a guerra
Tenta nos convencer que somos de outra da terra
Todos me alertavam que eu corria perigo
Mas ninguém me mostrava o verdadeiro inimigo
O beneficio da lei não chegou na favela
A paz não vai reinar se a justiça não impera
Mas agora eu sei que não estou sozinho
Vivo em outro Brasil mas encontrei o meu ninho
Moço sai daí, tu ta numa roubada
É um barril de pólvora uma canoa furada
O rap é o caminho pra revolução
O crime é o caminho pro campo de concentração
A nossa arma é nossa voz nosso pensamento
A munição atitude poesia e o sentimento
Carrega minha cruz, desatam mil nós
Brasil uhm, fazendo justiça com a própria voz

O comando é a paz, o crime nunca mais
(segura a onda então, seja um bom rapaz) (8x)

Menção ao dia 03 de janeiro:

  No dia 03 de janeiro de 1938, Getúlio Vargas criou o programa mais antigo de rádio, o famoso A Voz do Brasil, que atualmente - e obrigatoriamente - ainda .vai ao ar, obviamente, com outro tipo de programação. Na época era chamado de A Hora do Brasil,  e sua criação visava favorecer o governo de Getúlio Vargas, que no ano anterior aplicou um Golpe de Estado, intitulado na história como Estado Novo, que dura até 1945, quando Getúlio comete suicídio..

Nascimentos nesta data:

Além do rapper e ator MV Bill, que nasceu em 1974, em 1898 nascia Luis Carlos Prestes, político Brasileiro, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro. Já em 1969, o ator Matheus Nachtergaele nascia.

(Fonte: Wikipedia)

Meditação sobre o Tietê - Mário de Andrade

Meditação sobre o Tietê

É noite. E tudo é noite. Debaixo do arco admirável
Da Ponte das Bandeiras o rio
Murmura num banzeiro de água pesada e oliosa.
É noite e tudo é noite. Uma ronda de sombras,
Soturnas sombras, enchem de noite tão vasta
O peito do rio que é como si a noite fosse água,
Água noturna, noite líquida, afogando de apreensões
As altas torres do meu coração exausto. De repente
O ólio das águas recolhe em cheio luzes trêmulas,
É um susto [...]
É noite. E tudo é noite. E o meu coração devastado
É um rumor de germes insalubres pela noite insone e humana. [...]

Mário de Andrade

O ESPAÇO - FERREIRA GULLAR

O ESPAÇO

não há espaços iguais


o espaço
                entre o núcleo
do átomo
e os eléctrons
               nada tem a ver
com o espaço
              entre o sol
              e os planetas
nem com o espaço
              entre
              minha mesa de jantar
              e as paredes em volta


não há espaço vazio
              cada espaço
              é feito
              dos corpos que estão
              nele
              que o deformam e o formam

é feito
de suas energias
e cargas elétricas
            ou afetos

Ferreira Gullar

Poesia - Carlos Drummond de Andrade

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho - Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho.
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade